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A Incrível jornada dos Ford T

A Revista Quatro Rodas publicou uma matéria bem legal sobre três brasileiros que concluíram uma missão praticamente impossível: ir rodando do Brasil até os Estados Unidos a bordo de dois Ford T.

Francisco Lopes da Cruz, Leônidas Borges de Oliveira e Mário Fava realizaram a viagem de 26 mil quilômetros em 1928. Para tanto, levaram 10 anos até completarem o trajeto. Você achou uma viagem extremamente longa? E foi mesmo! A média percorrida atingiu 7 quilômetros por dia.

Não existiam as estradas, pontes, viadutos e túneis que atualmente unem neste longo caminho. Boa parte dos trechos por onde os Ford T passaram eram abertos na base da pá, serra, picareta e dinamite, inclusive quando os intrépidos aventureiros passaram pela Cordilheira dos Andes e pela Selva Amazônica, na qual ficaram quatro meses perdidos. Já os rios eram vencidos em balsas improvisadas, ao sabor da correnteza

O objetivo dos três era traçar a rota de uma futura estrada que ligaria as três Américas por completo. Por onde passavam buscavam auxílio e apoio junto às autoridades locais, que de olho no desenvolvimento que a rodovia poderia trazer para suas cidades lhes ofereciam abrigo e itens de necessidade como suprimentos, combustível (foram consumidos 15 mil litros de gasolina e 1.300 de óleo) e pneus (foram utilizados 56 pelos dois carros) .

Atravessando 15 países, tendo como ponto de partida o Rio de Janeiro e o ponto final Nova Iorque, sofreram dois acidentes sérios rolando abismo abaixo, ambos no Peru, e sobreviveram também a doenças, fome, sede, frio e ataques de animais selvagens.

Quando os dois carros e o três brasileiros chegaram à fronteira do México com os Estados Unidos, em 1936, foram recebidos como heróis por toda a rota à frente. Isso incluiu encontros com o então Presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, em plena Casa Branca, e com Henry Ford, em pessoa, na matriz da fabricante, em Detroit.

Um técnico da Ford, aliás, atestou a originalidade dos carros e de seus motores. Pelos próprios registros da fabricante, os dois T haviam sido produzidos respectivamente em maio de 1919 e em fevereiro de 1926 e ambos, cada um em sua época, haviam sido embarcados para o Brasil pelo porto de Nova York.

Ao conhecer a aventura, Henry não resistiu e ofereceu o que foi descrito como “uma verdadeira fortuna” pelos dois carros para exibi-los no museu da Ford. Os brasileiros, porém, entendendo que os veículos deviam ficar no Brasil para orgulhar os brasileiros, recusaram a oferta. Em 5 de maio de 1938 os dois carros e os três expedicionários embarcaram de volta ao país em um navio.

Chegaram no Rio de Janeiro vinte dias depois e logo foram recebidos pelo presidente Getúlio Vargas, a quem foram entregues os mapas desenhados durante a viagem com a rota completa da estrada. Meses depois os cinco chegavam a São Paulo, onde os carros foram doados ao Museu do Ipiranga para que fossem exibidos como verdadeiros troféus.

Mas, infelizmente, não foi isso o que aconteceu. Os dois T foram acomodados sob as asas do hidroavião Jahu, a primeira aeronave a cruzar o Atlântico Sul sem escalas, em 1927. O avião, porém, não recebeu muitos cuidados à época, e muito menos os carros. Todos foram deixados em um barracão de zinco, nos fundos do museu.

O acervo do Miau (Museu da Imprensa Automotiva) guarda um exemplar da revista Vida na GM de 1954, cuja reportagem visitou naquele ano os carros no Museu do Ipiranga. E ali, 16 anos após o retorno dos dois Ford T heroicos ao Brasil, o cenário já era desanimador. Dizia então o texto que os carros estavam com “pneumáticos por terra, faróis sem vidro, chassis carcomidos, assentos e forros destruídos pelo tempo e pelas traças, carrocerias desconjuntadas, o motor quasi desfeito. É realmente mau o aspecto de ambos”.

A partir daí pouco ou quase nada se sabe. Há um longo hiato, de cerca de três décadas, até meados dos anos 80, quando um deles, foi repassado pelo Museu do Ipiranga ao então Museu da CMTC, hoje chamado Museu do Transporte Público Gaetano Ferolla, também na capital paulista.

Já o outro carro, simplesmente se perdeu: a teoria mais aceita é que foi deixado por estes 30 anos ou mais ao relento em um terreno no bairro do Ipiranga e se desmanchou. Mas, dada a “raça forte” do caminhãozinho, é difícil acreditar que isso tenha de fato ocorrido. O mais provável é que tenha sido roubado, seja aos poucos, em partes ou peças, ou até mesmo inteiro. Fato é que seu paradeiro, infelizmente, é totalmente desconhecido.

O acervo do Miau, possui um livro que conta a história completa desta fantástica expedição. De autoria de Osni Ferrari, a obra se chama “Eu Não Sabia que Era Tão Longe”.

Essas e outras histórias podem ser conferidas no acervo do Miau – Museu da Imprensa Automotiva.

O museu está instalado na Rua Marcelina, 108, Vila Romana, São Paulo (SP), e funciona normalmente aos sábados e domingos das 13h às 17h. Seu site é www.miaumuseu.com.br e o telefone é o (11) 98815-7467. 

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