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Listas│6 Cachorros que fizeram história

Quem não gosta de um amigo, não é mesmo? E se esse amigo for um cachorro? A Super Interessante listou alguns "melhores amigos do homem" que fizeram história.

São cães que entraram para a história devido à sua participação no cinema, no auxílio a descobertas da ciência ou porque deram incríveis lições de fidelidade ao ser humano. 

Rin-Tin-Tin, o astro de Hollywood 

Gravada na década de 1950, a série amplificou a fama de um cão que já fazia sucesso – ou melhor, de uma dinastia de cães. A história começa na 1ª Guerra Mundial, em Paris. Sob os escombros de um canil, o cabo Lee Duncan encontrou uma cadela com cinco filhotes e levou dois deles para os EUA. Nannette morreu no navio, mas Rin-Tin-Tin resistiu à viagem. 

Duncan treinou Rinty para ser atleta, mas suas habilidades chamaram a atenção da Warner Brothers, um dos maiores estúdios de Hollywood. O cão virou astro de cinema nos anos 1920. Ganhava US$ 1 mil por semana, quatro vezes mais que os atores. Duncan e ele hospedavam-se em hotéis de luxo e chegavam a receber 50 mil cartas de fãs todo mês. O primeiro Rin-TinTin morreu em 1932, com 14 anos. Mas seus filhos, netos e bisnetos – entre eles, Rinty IV, que estrelou o seriado – levaram o legado familiar adiante, com direito até a uma estrela na Calçada da Fama. 

Snuppy, o primeiro clone

Em 2005, a ciência já havia clonado gatos, porcos, coelhos e até um boi selvagem indiano. Cachorros, não. Até que veio Snuppy. Apresentado ao mundo por pesquisadores da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, o filhote de galgo-afegão foi considerado uma das inovações daquele ano pela revista Time. 

A experiência, foi um sucesso: o DNA de Snuppy era idêntico ao de seu pai, Tai. O genitor, aliás, apenas doou células da orelha para a empreitada. Já a mãe, uma labrador caramelo, serviu exclusivamente de hospedeira. Ou seja, a genética dela não influenciou o filhote.

O primeiro cão clonado da história viveu no campus da Seoul National University Puppy até os 10 anos, quando morreu de câncer. Antes disso, cientistas haviam colhido amostras de células-tronco de Snuppy e, a partir delas, criaram três novos clones. Atualmente, empresas especializadas oferecem esse tipo de serviço. Uma delas é a ViaGen, localizada no Texas. 

Lassie, a cadela que era Macho 

A cachorrinha Lassie só existiu na literatura, na TV e no cinema. Um dos personagens caninos mais populares do mundo, ela apareceu pela primeira vez no conto Lassie Come Home (Lassie vem para casa), publicado nos EUA em 1938. A jornada da collie que teve de ser vendida por uma família empobrecida pela Grande Depressão comoveu a todos e virou livro. 

Daí vieram os filmes e a série de TV – com 19 temporadas. No primeiro longa, uma menina de 11 anos estreava no cinema. Era Elizabeth Taylor, que ganhava US$ 100 por semana, enquanto Pal levava US$ 250. Pal era o cão macho que interpretava Lassie, fato que até hoje surpreende muita gente. Ele foi inicialmente rejeitado pelos diretores, pois a produção queria uma fêmea para o papel. Mas Pal os impressionou com sua capacidade de fazer malabarismos e ganhou a vaga. O cachorro atuou por cinco anos, deixando como substitutos seus descendentes – todos eles machos. 

Marjorie, a cadelinha do Nobel 

Em 1921, a vira-lata Marjorie (foto acima) viveu 70 dias sem o pâncreas antes de morrer. E isso ajudou a mudar a história da ciência. A retirada do órgão da cachorrinha fez parte de um experimento para isolar a insulina. Produzido no pâncreas, o hormônio ajuda a regular os níveis de açúcar no sangue. Como os portadores de diabetes tipo 1 apresentam uma deficiência dessa substância, a única saída para eles levarem uma vida normal é repor o hormônio. Hoje, a insulina injetável é sintetizada em laboratório. No passado, porém, era retirada de animais, como porcos e bois. 

E o processo começou com cães. O responsável por isso foi o médico canadense Frederick Banting. Ele e seu assistente, o estudante Charles Best, realizaram uma pesquisa para averiguar o efeito da insulina injetável em cachorros diabéticos. Primeiro, os cientistas criavam essa diabetes nos peludos, inutilizando o pâncreas deles. Depois, aplicavam insulina extraída de cães saudáveis para averiguar os resultados. Marjorie foi a cobaia que mais tempo resistiu, abrindo caminho para o desenvolvimento da medicação. 

A eficácia da insulina injetável em humanos foi comprovada meses depois da morte da vira-lata. O garoto Leonard Thompson, de 14 anos, diabético desde os 12, recebeu uma injeção contendo insulina retirada de um boi. Os sintomas da falta do hormônio, como fraqueza e náuseas, melhoraram em poucos dias. Em 1923, Banting e o bioquímico John Macleod ganharam o prêmio Nobel de Medicina pelo feito. Macleod entrou de gaiato, pois o seu único mérito foi coordenar o laboratório em que as pesquisas ocorreram, na Universidade de Toronto. 

Banting dividiu o dinheiro do prêmio com Best e transferiu a patente da insulina à universidade por US$ 1. Já Marjorie sequer é mencionada no site oficial do Nobel. Antes dela, outros dez cães morreram durante o experimento. Ainda hoje, o episódio divide opiniões sobre ética e direitos dos animais.

Laika, a primeira Astronauta 

Em 1957, o primeiro-ministro soviético Nikita Khrushchev queria celebrar os 40 anos da revolução comunista com um feito impactante: enviar um cachorro à órbita da Terra para testar como um ser vivo toleraria a gravidade zero. A seleção incluiu mais de 20 cães abandonados – os de raça eram considerados incapazes de resistir a situações extremas. 

Três deles se destacaram nas provas. Como Albina estava grávida e Mukhu não era fotogênica, sobrou para Laika – uma mescla de husky com vira-lata, muito esperta. O Sputnik 2 era um satélite em forma de cilindro, pouco maior do que um carro – diferente do antecessor, Sputnik 1, uma esfera com 50 cm de diâmetro. 

Laika pesava 6 kg e teve de se acomodar numa cápsula do tamanho de uma máquina de lavar. Lá dentro, havia um alimentador automático que liberava ração à cachorrinha. Laika tinha sensores no corpo para medir os sinais vitais. O Sputnik 2 foi lançado em 3 de novembro. Nos dias seguintes, os jornais soviéticos trouxeram boletins sobre a missão e a saúde de Laika, que parecia passar bem. Uma semana depois, porém, sua morte foi divulgada, causando indignação mundo afora. 

Nos anos 2000, integrantes do projeto revelaram que a cadela aguentou apenas cinco horas e que eles sabiam não ser possível trazê-la de volta. O barulho e o calor da cápsula fizeram o coração de de Laika disparar. Ela morreu após atingir a atmosfera. Apesar de tudo, a experiência abriu caminho para que, em 1961, o soviético Yuri Gagarin se tornasse o primeiro homem a ir ao espaço. 

Pickles, o salvador da Copa 

Entre chuteiras e camisas usadas por estrelas como Maradona e Pelé está a coleira de um cão. A peça vermelha, de couro e com duas medalhinhas na ponta, é atração no maior museu de futebol do planeta – o National Football Museum, em Manchester, na Inglaterra. O item pertenceu ao border collie Pickles, que encontrou a Taça Jules Rimet – o troféu entregue ao vencedor da Copa do Mundo até 1970. 

Em março de 1966, a taça havia sido roubada de uma exposição. Pickles a achou uma semana depois, enrolada em um jornal, quando passeava com seu dono por um parque de Londres. O Brasil ficou com a Jules Rimet em definitivo ao conquistar o tricampeonato mundial, em 1970. Hoje, porém, o País só tem uma réplica da taça. É que a original foi novamente roubada, em 1983. E aí, não houve cachorro que conseguisse encontrá-la.

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